sábado, 18 de agosto de 2007

Olhe para si mesmo, pare e pense...

Ontem fiquei com a noite estragada...depois do trabalho tive que passar pelo supermercado para comprar ovos para fazer um bolo de bolacha ( que diga-se de passagem ficou enjoativo, nem podia sair bem depois do que aconteceu! ).
Quando chego ao Super e me preparo para estacionar o carro, reparo com grande espanto que por uma unha negra não atropelo um cãozinho minusculo de tão encolhido que estava no chão.
Uma cadelita aliás...fiz marcha atrás e estacionei noutro lugar.
E perguntei alto a mim mesma dentro do carro: "Porquê eu? Porque é que tinha que me acontecer isto a mim?" Fiquei uns minutos no carro sem saber o que fazer, numa dualidade de sentimentos. Por um lado uma raiva enorme contra quem abandona um animal de estimação, uma raiva brutal contra a cada vez maior falta de humanidade do meu povo, o Português.
Os portugueses não têm educação cívica, educação social...penso que na generalidade nem sabem o que isso significa, e isso decepciona-me por demais!!!
Por outro lado um sentimento de piedade e impotência perante aquele ser tão frágil...uma sensação de raiva de mim mesma por saber que o que eu podia fazer não chegava!!! Que ódio!!! Nestas situações, como em outras, gostava de voltar a ter 20 anos, gostava de não ter que ser racional.

Bom...mas abreviando...pensei que tinha que fazer algo, não conseguia virar as costas. Tinha um toalhão turco na bagageira do meu carro, e pensei, vou ver se consigo ao menos tirá-lo dali e colocá-lo num sítio mais abrigado. Estava um vento horroroso! Um frio!
Quando cheguei perto dele, reparei que era uma Ela, pequena, branca, magra demais, um olho destruído, um ar triste que me fez ficar de lágrimas nos olhos. Aproximei-me dela com a toalha e ela olhou, e defensivamente levantou-se quando tentei tapá-la, pegar-lhe. Dirigiu-se para a estrada e achei melhor afastar-me um pouco. Estendi o toalhão e afastei-me um pouco. Ela voltou e deitou-se na toalha, coçou o focinho na toalha e enrolou-se novamente. Tentei aproximar-me novamente e ela levantou-se mais uma vez para fugir. Achei melhor deixá-la ali com o toalhão, ir ao Super, comprar comida e água e tentar aproximar-me novamente.

Entretanto liguei ao meu marido e pedi-lhe para ligar para a União Zoofila, para o Canil Municipal...ninguém atendeu!

Quando saí, voltei junto dela com a comida fresca e a água, deixou que eu me aproximasse. Comeu como se não houvesse amanhã, tapei-a, e de alma dorida regressei a minha casa. Chorei todo o caminho e quando olhei para os meus 2 cães em casa, tão mimados, só pude chorar.

O bolo saiu péssimo, dormi agitada a noite e sinceramente sinto um misto de raiva e impotência de mim e por mim mesma em relação a este animal. Sei que não podia trazê-la para casa, não tenho casa, nem capacidade económica para mais um cão. Mas tenho coração e esse doeu-me e ainda dói pela estupidez humana. Seguramente este foi mais um animal abandonado porque os donos foram de férias e não pensaram nele...

Desculpem o testamento, mas foi uma espécie de desabafo...de mim para mim mesma...
Este vídeo ilustra de uma forma bem verdadeira tudo isto que acabei de dizer e sentir...vejam e pensem no que ensinamos aos nossos filhos, às nossas crianças.
http://www.youtube.com/watch?v=vCCa8GzQVQg

2 comentários:

Anónimo disse...

Oi!
... ai o nó na garganta! Ainda bem que este k aqui vemos têm um final feliz, foi feita a diferença!

Assertiva como sempre.

Deveríamos provocar o nó na garganta a quem os abandona porque nós já estamos sensibilizadas para a questão!

E deveria existir uma REAL política de protecção aos animais por parte do Estado. Mas num país onde os direitos das pessoas são muitas vezes atropelados!...

Desculpa o desabafo.

Beijinhos,
Sea

Anónimo disse...

qual quê rapariga! É que é mesmo isso, sem acrescentar nadica. Um beijinho enorme.
Susa